home

Convergência em matérias sociais pode ser base para novos acordos à esquerda

Convergência em matérias sociais pode ser base para novos acordos à esquerda

“Espero voltar a ter a confiança dos portugueses para fazer mais um mandato” referiu o primeiro-ministro na entrevista que concedeu à agência Lusa, lembrando que matérias como a saúde ou a educação, mas também as de âmbito social ou as relacionadas com o combate às desigualdades, podem ser a base para “novos acordos à esquerda”.

Notícia publicada por:

Convergência em matérias sociais pode ser base para novos acordos à esquerda

Afastada está, por parte do Secretário-geral socialista, como deixou claro nesta entrevista, a possibilidade de poderem existir acordos de Governo sobre matérias que dividem o PS dos partidos à sua esquerda, dando António Costa os exemplos das questões europeias ou de Defesa Nacional.

Quanto a dar ou não continuidade à fórmula política encontrada para a formação do Governo entre o PS, BE, PCP e PEV, António Costa mostrou-se convicto de que a solução apoiada há três anos pelos partidos de esquerda “surpreendeu muito gente”, mas que hoje esta solução já “entrou na normalidade do quotidiano de todos”.

António Costa reafirmou o que há muito vem defendendo, que da parte dos socialistas não haverá qualquer obstáculo ou impedimento para que as posições conjuntas que existiram ao longo dos últimos três anos entre o PS e os partidos à sua esquerda não possam continuar e serem mesmo reforçadas de futuro, obtenham os socialistas maioria absoluta, ou não, nas próximas legislativas, assim haja temas, “como espero”, sobre os quais “possamos voltar a convergir”.

A este propósito, o primeiro-ministro e líder do PS lembrou o trabalho que ainda falta fazer em campos tão diversos como a criação de mais e melhores empregos, o combate às desigualdades, a erradicação da pobreza ou o reforço da coesão territorial com o interior, tudo temas, como salientou, que têm estado no topo da agenda do Governo, e sobre os quais, como referiu, socialistas e partidos à sua esquerda “podem e devem continuar a trabalhar”.

PS vai apresentar-se nas legislativas

Já quanto à mensagem defendida há dias pelo Bloco de Esquerda de que o partido está pronto para integrar o Governo, o primeiro-ministro foi claro ao defender que, malgrado as relações poderem evoluir, “é melhor uma boa amizade do que uma má relação”, aconselhando a que não se faça já uma discussão sobre este assunto “antes de se saber se há ou não uma posição conjunta”.

Depois de rejeitar que o Governo tenha privilegiado algum dos parceiros da maioria parlamentar em relação às negociações do Orçamento do Estado para 2019, garantindo que a relação do Executivo que lidera “é franca e leal com todos os parceiros”, António Costa preferiu salientar que os “ganhos” que têm sido obtidos pela economia nacional e pelos portugueses resultam das boas práticas políticas conduzidas pelo Governo do PS com o “apoio parlamentar do Bloco de Esquerda, do PCP e do PEV”.

Neste ponto, o líder do Governo socialista não deixou de lamentar que a líder do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, tenha caracterizado, na recente Convenção do seu partido, “a história desta legislatura como a história da luta da esquerda contra o PS” e tenha saído da Convenção “estabelecendo como principal objetivo enfraquecer o resultado eleitoral do PS”, aconselhando António Costa a que os partidos à esquerda do PS não vivam “obcecados com os resultados eleitorais do PS”.

Segundo o Secretário-geral socialista e primeiro-ministro, ao contrário do que defendeu o BE na sua Convenção, o PS vai apresentar-se nas próximas eleições legislativas “não contra ninguém”, mas apresentando o que considera ser “o melhor para Portugal e para os portugueses”, sustentando António Costa que “a forma inteligente” de construir boas relações políticas “não é estar a cavar linhas de combate com os nossos parceiros parlamentares”, mas prosseguir o caminho que continue a assegurar que há uma efetiva alternativa.

Uma alternativa, como acrescentou, que “oferece ao país crescimento económico, mais e melhor emprego, menor desigualdade, contas certas e credibilidade internacional reposta”.