home

Contra a eurocracia marchar, marchar

Contra a eurocracia marchar, marchar

Escrevo este texto no dia em que se realiza o referendo inglês sobre a permanência na União Europeia. Não sei, por isso, qual será o resultado que se virá a consagrar, até porque as sondagens não dão margem para não errar.

Opinião de:

Contra a eurocracia marchar, marchar

Mas importa uma leitura de cautela do que aconteceu e dos impactos que esta consulta irá ter. 

O Reino Unido sempre esteve dentro e fora da EU. Não fazendo parte da moeda única, assumindo políticas divergentes em questões de natureza orçamental, arbitrando para si uma posição estratégica e institucional heterodoxa, os súbditos de Sua Majestade encaram o continente como um espaço de dúvida e de discórdia. Foi sempre assim ao longo dos séculos, não poderia deixar de ser assim por agora. 

O referendo dirá se o UK irá sair. Nessa circunstância os ingleses voltam a separar-se de Roma, voltando a fazer renascer a sua igreja, construindo a sua vida de natureza autónoma e racionalmente ininteligível.  Os dias seguintes assumirão a debandada imediata de muitos dos centros de poder, dificultarão os mercados de valores, interpelarão sobre a política internacional, farão revir os movimentos de cessação. A seguir a este referendo todos os que querem uma Escócia com uma política externa, de defesa e de justiça independentes regressarão em força. 

O referendo dirá se o UK irá ficar. Esta circunstância dará um novo alento aos burocratas de Bruxelas, aumentará a sua soberba e o seu imenso poder de fogo. Esta gente não terá entendido nada e continuará a trabalhar para engrandecer a extrema-direita, para aumentar a importância eleitoral dos eurocéticos. Sim, por cada dia que a Europa perde sem aumentar a sua sindicância interna, sem fazer ponderar a realidade diferente da quadrícula, sem cessar de determinar a secção das sanitas e as normas dos secadores de cabelo, teremos novos agentes a engrandecer as milícias dos movimentos extremos, a influenciar os caminhos da repulsa pelos valores que estiveram na base da criação das Comunidades Europeias. 

Provavelmente já não nos lembraremos, mas este espaço integrado nasceu como “comunidades”, no plural e não no singular. E deveria ser a esse tempo, o da pluralidade, que os dirigentes políticos de envergadura deveriam regressar. Talvez eu próprio deva começar por endereçar uma carta ao sinistro presidente do ECOFIN, esse socialista que se transformou em cara e coroa do défice e da dívida com a palavra “sanções” expelir a cem à hora da sua boca. Destes socialistas, também eu, que sou um cidadão às direitas, estou farto. E por estar farto vou fazer um desenho com as consequências do referendo para o nosso futuro.