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COMO NASCEU O PARLAMENTO JOVEM

COMO NASCEU O PARLAMENTO JOVEM

Vinte anos se passaram. A 21 de fevereiro de 1985, oitenta jovens das áreas metropolitanas do Porto e Lisboa rumaram à Assembleia da Republica (AR), até à Sala do Senado. Na bagagem traziam muita ilusão, a par de alguma ansiedade e umas quantas recomendações, que juraram expressar, sobre os Direitos das Crianças. Com eles, numa mistura de alegria e expetativa, os professores, que neles tinham depositado a esperança de que a AR abrisse, com um projeto inovador, um espaço de debate aos jovens, mas também para os políticos os ouvirem, muito em especial quando se decidisse sobre matérias que lhes dissessem respeito.

Opinião de:

COMO NASCEU O PARLAMENTO JOVEM

Foi sem dúvida uma tarde que ficou em muitas memórias. Pessoalmente, recordo  Raul Rego a saudar os jovens com uma alegria inebriante no seu olhar, falando da importância da cidadania a par do estudo curricular. 

A imprensa também não ficou indiferente ao simbolismo da sessão realizada no Senado, numa tarde de sexta-feira, quando já não havia trabalhos parlamentares.  Um dos deputados, hoje presidente do Tribunal de Contas, dirigiu aos jovens palavras muito calorosas de grande incentivo e Pedro Roseta desafiou-os a apostarem na participação cívica com os olhos postos no futuro. 

Como e porque nasceu este projeto? 

Este projeto começou a germinar um ano antes. Assentou em dois importantes pressupostos: levar a Assembleia da República ao povo, que esta representa, e dar aos jovens portugueses um espaço sério de debate, que os preparasse e motivasse para a participação cívica, com responsabilidade e competência. Vinte anos depois é a hora certa para questionar se os objetivos foram alcançados e o esforço feito recompensado. Na minha análise digo sim, sem qualquer hesitação, e atrevo-me a afirmar que a comunidade educativa, pela forma como aderiu e como o projeto cresceu, confirma, de forma inequívoca, que valeu a pena, porque todos os intervenientes, Escola, Assembleia da República, e os parceiros Ministérios da Educação e outras Instituições dos Jovens, se reveem no projeto. 

Este foi o início, mas tudo estava por definir em termos de futuro. Era imprescindível que a AR criasse condições sólidas que garantissem a continuidade, com a segurança de o manter afastado da utilização político-partidária, mantendo intocável o objetivo da formação cívica e da experiência. Neste sentido muito se ficou a dever aos presidentes Almeida Santos e Mota Amaral, que se empenharem fortemente na criação de uma estrutura interna de execução, dependente diretamente da Comissão de Educação, Ciência e Cultura em colaboração com o Ministério da Educação e o IPJ. 

A minha participação no projeto teve duas fases. A primeira, durante cinco anos, como coordenadora e, em fase posterior, junto da equipa do Parlamento Jovem, como consultora, até 2012. Foi uma outra intervenção que deu uma visão diferente, mas igualmente enriquecedora, pois longe da execução há mais abertura a muitas das sugestões vindas da comunidade educativa. Tudo foi um enorme enriquecimento pessoal, cuja recordação não cabe nestas breves linhas, mas deixo à imaginação dos leitores as múltiplas conclusões e sentimentos gerados. 

Muitos jovens do PJ desempenham hoje cargos eletivos em Assembleias de Freguesia, Assembleias Municipais e, mesmo na AR, há um deputado do círculo do Porto, que foi “deputado” do Parlamento Jovem. Mas o importante foi mesmo que se garantisse que estes jovens ficassem despertos para a participação cívica com sentido de responsabilidade. Isso foi conseguido.   

A AR não quer ficar indiferente à celebração desta data. Vão ter lugar algumas atividades marcantes, que envolverão momentos-chave, desde a I Sessão até ao presente. Alguns testemunhos, gravados em vídeo, abordarão as várias etapas de um longo caminho de vinte anos. Será um momento de regresso a um passado feliz.

Agradeço à Assembleia da República a oportunidade que me deu de participar na iniciativa da comemoração dos vinte anos do PARLAMENTO JOVEM. Agradeço também a todos, políticos e funcionários da AR, o empenhamento e a dedicação dada a um projeto muito exigente, mas que foi e continuará a ser o mais importante espaço de debate dos  jovens portugueses.