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Combate só será ganho com a revitalização do território e a reforma da floresta

Combate só será ganho com a revitalização do território e a reforma da floresta

Por mais que se insista, as “causas profundas” dos incêndios florestais “nunca serão resolvidas a partir dos meios de combate”, defendeu o primeiro-ministro, durante a cerimónia de assinatura do protocolo para a criação do memorial às vítimas dos incêndios de 2017 em Pedrógão Grande, que decorreu esta manhã na Câmara Municipal de Castanheira de Pera, um dos municípios mais afetados.

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Combate só será ganho com a revitalização do território e a reforma da floresta

Para António Costa, os incêndios florestais que de “forma cíclica” ocorrem no país, sobretudo na época quente de verão, apenas podem ser combatidos não a “partir dos meios de combate”, mas “quando se conseguir vencer o desafio de revitalizar os territórios de baixa densidade e se conseguir concluir a reforma da floresta”.

Dois desafios que o primeiro-ministro considera fundamentais e sem os quais só muito dificilmente alguém pode acreditar que o país estará preparado para enfrentar com verdadeira eficácia os incêndios nas suas florestas, reconhecendo, contudo, que se trata de dois objetivos que “não são para ser resolvidos já amanhã”, mas que não poderão ser adiados por muito mais tempo, sob pena de se voltar a “falhar o compromisso que temos de ter de que isto nunca mais volte a acontecer”.

Depois de vincar que o “risco estrutural do país” em matéria de incêndios florestais não diminui “só porque num ano a área ardida é menor ou porque não houve perda de vidas”, António Costa fez questão de salientar que este risco estrutural se poderá agravar face às alterações climáticas, sustentando, no entanto, que há alterações que apenas “dependem dos homens e das mulheres”.

Alterar o ordenamento e a gestão

Na sua intervenção, o primeiro-ministro lamentou que numa altura em que se “veem eucaliptais abandonados a regenerar à beira das estradas municipais dos concelhos fortemente atingidos pelo grande incêndio de 2017”, é altura de voltar a alertar para a necessidade imperiosa de se avançar com a “alteração da paisagem, do ordenamento da floresta, da sua recomposição e da sua capacidade de gestão”, lembrando que, se o direito da propriedade “é fundamental”, também o “direito à vida” assume um caráter de redobrada importância.

Neste particular o chefe do Governo defendeu que, quando há um conflito de direitos, a opção deve recair clara e inevitavelmente na “salvaguarda do mais importante que é o direito à vida”, referindo ser “muito gratificante” ver hoje em toda aquela região, que sofreu com a tragédia dos incêndios de 2017 que provocaram a morte a 66 pessoas e 253 feridos, o “apego à vida” e a transformação da toda aquela tragédia na “determinação de assegurar que mais ninguém sofrerá a dor que seguramente ficará para sempre”.