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Cabe ao Parlamento escolher o próximo Governo

Cabe ao Parlamento escolher o próximo Governo

A substância do discurso de Cavaco Silva, “expurgadas as partes mais emocionais”, aponta de forma clara para que seja o Parlamento a decidir sobre o que fazer quanto à escolha do futuro Governo, defendeu Fernando Medina ontem, numa entrevista à TVI.

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O dirigente socialista lamentou o tom e a crispação que o Presidente da República imprimiu ao seu discurso, e ao facto de se ter referido aos mercados de uma forma que “pode ser mal interpretada”, garantindo não ter dúvidas de que Cavaco Silva dará posse ao Governo do PS, liderado por António Costa se, “como tudo o indica”, o Governo da coligação de direita for rejeitado no Parlamento.

No comentário que mantém na TVI e na TVI24, o presidente da Câmara Municipal de Lisboa afastou qualquer ideia de crise política em Portugal, defendendo que a atual situação que o país atravessa é “absolutamente normal” em qualquer democracia, não havendo mais do que um debate “franco e aberto” entre os vários partidos com a perspetiva de se encontrar uma solução de Governo.

Governo de gestão seria desastroso para o país

Quanto à eventualidade “remota” de Cavaco Silva optar por não dar posse a um Governo de esquerda, liderado por António Costa e apoiado pelo BE e pelo PCP/PEV, depois de chumbado no Parlamento o executivo de Passos Coelho, e viesse a patrocinar um Governo de gestão, estava aberta a porta para uma solução “desastrosa” e de “enorme constrangimento” para o país, uma vez que “estaríamos a aprovar o Orçamento do Estado para 2016 numa altura em que já deveríamos estar a aprovar o de 2017”.

Nada penalizaria mais a confiança na economia, nos agentes económicos e nas empresas do que toda esta incerteza, sustentou ainda o autarca do PS, lembrando as limitações de calendário impostas por razões que se prendem com as eleições presidenciais que terão lugar no próximo mês de janeiro.

Se o Governo de Passos Coelho vier a ser rejeitado no Parlamento, e só o será, “nas palavras de António Costa”, porque haverá à esquerda uma solução capaz de assegurar estabilidade, segurança e respeito pelos compromissos assumidos internacionalmente”, certamente que Cavaco Silva “não irá negar” a posse a esse Governo e não “deixará de indigitar o Secretário-geral do PS como primeiro-ministro”.

Depois de sustentar que a legitimidade dos governos depende do Parlamento e não do Presidente da República, porque “é assim que o nosso regime funciona”, o autarca do PS afirmou não ser crível que Passos Coelho e Paulo Portas estivessem dispostos a ficar num Governo de gestão, mas também que Cavaco Silva “percebe muito bem” o “desastre” que seria para o país “termos um Governo de gestão durante largos meses” que o obrigaria a permanecer até à realização das próximas eleições que só poderão ter lugar lá para o mês de julho.