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Breve paragem no miradouro

Breve paragem no miradouro

Opinião de:

Breve paragem no miradouro

Há sempre mais uma montanha para escalar, há sempre mais um desafio, mais uma oportunidade para fracassar ou singrar. O mundo não para por mais garrafal que seja a manchete, por maior que seja a festa ou mais transversal que seja o luto. Essa voragem do quotidiano, da vida, esse movimento perpétuo, não deve impedir-nos de resgatar um momento para sairmos um pouco para fora da corrente. Um momento que nos permita fazer um balanço, pontuar as tiradas já feitas e recuperar o sentido de perspetiva para retomar a marcha pela melhor rota possível.

Concluído o processo de elaboração e aprovação do orçamento de 2016, nesta calendarização peculiar que o fez nascer apenas à entrada do segundo trimestre, há uma perceção difusa de que se atingiu uma meta com valor intrínseco próprio e peso histórico singular cuja dimensão global é ainda difícil de precisar. Sendo certo que muito do que ficará deste presente dependerá ainda de como se atravessará o futuro, há algo de intrínseco no que já se percorreu e conquistou que acrescenta valor de forma indelével.

A nossa democracia foi posta à prova no sentido em que se acionaram dispositivos, entendimentos, instrumentos e vontades que, por nunca terem sido usados no nosso retângulo, muitos foram considerando não fazerem parte do edifício. E se num primeiro tempo essa estranheza incentivou agitação e exacerbamento, bem como prudência e desconfiança, tenho a forte esperança de que mais adiante poderemos encarar estes momentos como naturais passos que tornaram a nossa democracia mais completa, mais madura e mais capaz de encontrar legitimidade na expressão da vontade de cada um de nós.

Vencida uma contagem de primeira categoria, há agora muita estrada e trilhos pela frente. Como sempre houve e haverá.