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BEM-VINDOS À GUARDA

BEM-VINDOS À GUARDA

As minhas primeiras palavras são de gratidão, de genuíno reconhecimento a toda a Direção do nosso Grupo Parlamentar, e em particular ao seu presidente Carlos César, por ter acedido ao desafio que lhe lançamos há quase um ano para dar à Guarda a subida honra de ser a anfitriã de umas jornadas de trabalho dos deputados do PS na Assembleia da República.

Opinião de:

BEM-VINDOS À GUARDA

Que orgulho o nosso em os termos connosco, neste distrito único da Raia Côa Estrela e Douro, nesta cidade mais alta, velhinha como a sua Sé, cidade dos cinco FF.

A decisão do presidente Carlos César muito mais que um gesto de amizade ou cortesia, que registamos, é uma manifestação de enorme sagacidade e sensatez política que só nos responsabiliza ainda mais no distrito.

Qualquer cidadão minimamente atento aqui na Guarda, socialista ou não, leu com inteligência os sinais que tal decisão transmite para a Região e para o País.

Desde logo que a Guarda conta e muito para o PS e para os seus deputados e não há conjunturas ou vicissitudes da democracia que cortem esta ligação autêntica do Partido Socialista ao distrito.

A Guarda é uma capital regional, uma centralidade, um vasto território de fronteira que nos leva às planuras de Castilha y Leon, a Salamanca e Zamora, com Madrid a escassas três horas de viagem, à mesma distância que Lisboa.

Mas a presença do Grupo Parlamentar do PS demonstra também que os socialistas têm memória e conhecem bem que a Guarda é uma terra de afetos e que foi essa afetividade, essa sã camaradagem amiga e solidária, que fez as nossas terras, da nossa cidade, comunidades de gente firme e boa, ter o PS no coração.

A nossa força vem da nossa unidade e é essa unidade que temos todos de reconstruir com humildade, muita humildade, para que o povo da Guarda volte a acreditar na razão do seu coração socialista e agora, que já pode comparar, julgue com justiça o trabalho dos autarcas socialistas de Abílio Curto, à Maria do Carmo Borges, o Álvaro Guerreiro, o Joaquim Valente que podem e devem orgulhar-se da obra feita ao lado dos nossos heróis anónimos que são as centenas de homens e mulheres que, desde o 25 de abril, serviram nas Juntas de Freguesia.

Claro que deixaram poucas estátuas e rotundas enfeitadas, mas as grandes infraestruturas e equipamentos, que dão agora suporte a eventos e à atividade cultural de referência, têm a sua marca.

Em suma: a nossa unidade só depende de nós e exige diálogo e compromisso.

Querer contar espingardas a meses de eleições Autárquicas é uma estratégia suicida e estúpida.

Ontem as deputados e os deputados tiveram a oportunidade de conhecer os 14 concelhos deste distrito e ver, ainda que rapidamente, o que temos, as nossas potencialidades e pontos fortes, mas também aldeias envelhecidas, terras abandonadas, o despovoamento, os nossos pontos fracos.

Terra, património, natureza, história, gastronomia, paisagem, qualidade de vida, ar puro, plataforma giratória do centro interior na conexão com Espanha, auto-estradas, linhas de caminhos de ferro, a fronteira de Vilar Formoso, as estradas serranas…

Há mais de 20 anos, já Almeida Santos clamava “muito tarda fazer justiça à Guarda” e, passados todos estes anos, com juros acumulados, essa dívida mantém-se.

Nessas duas décadas, no distrito da Guarda, também não deixaram de ser tempos de grandes investimentos públicos, muitos dos quais estruturantes.

Apesar disso, e por estranho que possa parecer, toda a faixa interior do país, a Guarda em particular, perdeu gente, perdeu tecido económico, perdeu competitividade, perdeu serviços.

As infraestruturas, designadamente rodo-ferroviárias, não conseguem só por si alterar a situação de despovoamento do território.

Inverter esta realidade não passa por receitas velhas que já demonstraram a sua ineficácia no passado.

O Programa Nacional para a Coesão Territorial aponta um caminho novo, uma estratégia de desenvolvimento do interior enquanto oportunidade de negócios no mercado ibérico, pondo fim à ideia de interioridade enquanto “porta dos fundos do litoral”, como a classificou  o Senhor Primeiro-ministro António Costa.

Teria de ser aqui na Guarda, onde o despovoamento é mais sentido, o envelhecimento mais acentuado e a economia mais debilitada, que a Unidade de Missão para a Valorização do Interior apresentasse as suas conclusões ao Grupo Parlamentar Socialista, bem assim como o Senhor Ministro Capoulas Santos desse a conhecer, de viva voz, aos deputados, a estratégia do governo para a floresta.

O tema destas Jornadas VALORIZAR O TERRITÓRIO e RELANÇAR A ECONOMIA, diz tudo, nos debates que se seguirão; nós faremos o resto.

O País começa a sentir, a Europa, a custo, já vai reconhecendo que a estratégia do Governo, em termos orçamentais e financeiros, na economia, estava e está certa.

António Costa, Mário Centeno tinham razão. Até o PSD ficou sem palavras quando, na semana passada, Bruxelas confirmou que o diabo não vinha mesmo a caminho.

Desfeitas certas dúvidas sobre o rumo a seguir, consolidada que está a fórmula de suporte parlamentar ao Governo do PS, tão imaginativa quanto pragmática, vamos a isto que o caminho se faz andando.

E temos tanto para fazer…

Pelo distrito da Guarda imagino o interior, o País inteiro! Com um Orçamento de rigor e com um PDR mal negociado na União Europeia pelo anterior Governo é difícil, muito difícil, “fazer morcelas sem  sangue”.

Mas não podemos desistir, nem baixar os braços. Temos terra e acreditamos numa política agrícola imaginativa para o mundo rural que entusiasme e atraia os mais jovens; a floresta de fins múltiplos, os rebanhos a subir as serras, o nosso queijo, a nossa gastronomia, os nossos vinhos, turismo de qualidade em terras com história e património.

Vamos dar a volta ao Museu do Côa, pôr nos carris a linha do Douro até Barca d’Alva para uso turístico. Sim, o Hotel Turismo da Guarda é ponto de honra para um Governo PS que está a trabalhar numa solução boa para a Guarda.

A 2ª fase do Hospital não está posta de parte, mas teremos de ser rigorosos na avaliação do projecto e adaptá-lo às necessidades reais e atuais da Guarda e da Região.

Os IC da Serra da Estrela são uma luta constante para nós que não tivemos culpa do que foi negociado na Europa na base de nem mais um metro de alcatrão.

Queremos convencer o Governo da mais-valia do nó ferroviário da Guarda no cruzamento das linhas da Beira Alta e da Beira Baixa, agora que vão ser iniciados os trabalhos na ligação Guarda-Covilhã e da instalação nesse nó ferroviário de um Cais de Contentores.

A valorização da fronteira de Vilar Formoso faz mais sentido que nunca para a centralidade ibérica do interior, as relações transfronteiriças  são estratégicas para a Raia, a nova raia das oportunidades. Precisamos de defender o património construído e ao abandono em muitas aldeias monumentais, a natureza e o Parque Natural da Serra da Estrela.

Aqui nem mais um serviço pode encerrar, nem mais um posto de trabalho se pode perder; os incentivos fiscais para novas empresas no interior é um sinal encorajador na aposta de atrair novos povoadores.

É preciso incentivar esse caminho de regresso; as auto-estradas têm de ter dois sentidos.

A reabertura de tribunais, a baixa do custo das portagens, são sinais de mudança.

Renovo o meu bem haja por este dia e peço desculpa pela paixão posta na minha ambição para a Guarda. Na minha idade, a vida sem utopia é uma chatice. E ficou tanto por dizer…

Neste distrito da Guarda, altaneiro também nas suas gentes, terras que deram ao País muito do que o país tem de melhor – dos escritores galardoados com o Prémio Camões, pouco mais de uma dezena, três eram do Distrito da Guarda – Vergílio Ferreira, Eduardo Lourenço e Manuel António Pina – mais que esperança temos confiança e acreditamos que vai ser agora.

Este é um dia bom para a Guarda, um dia que não vamos perder por nada, no entusiasmo e felicidade com que o vamos viver.

Bom trabalho e bem hajam por terem vindo.