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BE foi para os “braços da direita” por ter medo de enfrentar crise

BE foi para os “braços da direita” por ter medo de enfrentar crise

A presidente do Grupo Parlamentar do PS, Ana Catarina Mendes, alertou ontem o Bloco de Esquerda que escolher o momento de votação de um Orçamento do Estado crucial para o futuro do país “para abandonar toda a esquerda e ir para os braços da direita”, significa “irresponsabilidade” e “medo” de enfrentar a crise criada pela pandemia de Covid-19, e garantiu que o Partido Socialista continua a “privilegiar a construção das soluções com a esquerda parlamentar”.

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BE foi para os “braços da direita” por ter medo de enfrentar crise

“A 6 de outubro de 2019 os portugueses votaram, aumentaram o Grupo Parlamentar do Partido Socialista e pediram que houvesse a junção de esforços à esquerda para prosseguirmos o caminho da anterior legislatura” e, por isso, “o Orçamento do Estado para 2020 foi construído à esquerda”, e o mesmo se esperava com o Orçamento do Estado para 2021, frisou a líder parlamentar socialista no encerramento da discussão do documento na generalidade.

No entanto, o Bloco de Esquerda anunciou o seu voto contra um “Orçamento prudente e responsável em tempo de incertezas”, que “não aumenta impostos, não corta rendimentos e não impõe austeridade”, simplesmente porque “é mais fácil e mais cómodo estar fora das soluções quando a situação é difícil”, evidenciou Ana Catarina Mendes.

Para o Partido Socialista, “escolher este momento para abandonar toda a esquerda e ir para os braços da direita é um sinal de tremenda irresponsabilidade de quem tem medo de enfrentar a maior crise que todos vivemos”, disse a líder da bancada, que explicou que ao votar contra o Orçamento, o Bloco de Esquerda estará a opor-se a “uma nova prestação social de proteção do rendimento que abrange 258 mil pessoas”, ao “reforço de mais de mil milhões de euros no SNS e a contratação de mais 4.200 profissionais”, ao “subsídio de risco dos profissionais de saúde que estão na linha da frente da Covid”, ao “aumento das pensões mais baixas já a partir de janeiro”, à não transferência de “dinheiro público para o Novo Banco”, ao “combate à precariedade”, a que as grandes empresas com benefícios fiscais mantenham o nível de emprego, e a votar contra a “o aumento do subsídio de desemprego”. O Bloco de Esquerda “vota contra as suas próprias propostas”.

“Quando, daqui a minutos, o PSD, o CDS, a Iniciativa Liberal e o Chega se levantarem para chumbar esta proposta de Orçamento na generalidade, o Bloco de Esquerda estará de pé, na fotografia, a votar ao lado desta direita”, asseverou.

Ana Catarina Mendes, que referiu que lê e relê o Orçamento do Estado para o próximo ano e encontra sempre “o mesmo caminho de dignificação da melhoria dos serviços públicos, de busca de maior coesão social e partilha justa da riqueza, de promoção da modernização da economia e aumento da competitividade do país”, recordou que “desde julho tem havido negociações com o Governo e os parceiros à esquerda”, resultando numa proposta que engloba “muitas das medidas que o PCP, PEV, BE e PAN colocaram em cima da mesa”.

Como “negociar não é ceder, negociar é compromisso”, a presidente da bancada socialista assegurou que o PS manterá até ao fim o seu “compromisso de negociar até à votação final global”.

Sensibilidade social do OE afasta a direita das soluções propostas

Ana Catarina Mendes mencionou depois que “a forma, a força, a determinação com que desde a primeira hora” o país combateu a pandemia “assenta também nas decisões do passado”, mais concretamente a valorização dos serviços públicos, o equilíbrio das contas públicas, a diminuição da dívida pública, os juros mais baixos como nunca conseguidos “ao longo dos últimos cinco Orçamentos do Estado”.

“Foi um trabalho do Partido Socialista, mas foi um trabalho ao qual o Bloco de Esquerda, o Partido Comunista Português e o Partido Ecologista ‘Os Verdes’ não faltaram”, já que perceberam que se podia convergir “contra a austeridade”, vincou.

A líder parlamentar do PS esclareceu que a estratégia da esquerda “de combate à crise é, por isso, em toda a sua extensão, diferente da direita. E é nesta dicotomia de estratégias que aguardamos o natural e óbvio apoio dos nossos parceiros à esquerda”, uma vez que hoje “a necessidade é mais premente, que a exigência é imediata, que o interesse nacional mais precisa de nós”.

Relativamente ao PSD, este partido “já disse ao que vem. Quer repetir a receita, quer, estranhamente, ajudar as empresas empobrecendo o país”, denunciou.

“O PSD apelida este Orçamento de ‘Orçamento de distribuição’. Para o PSD, bem sabemos que direitos são regalias. Aumentar o salário mínimo nacional, para o PSD, é uma regalia. Aumentar pensões, para o PSD, é uma regalia. Aumentar os salários da função pública – dos nossos professores, dos nossos médicos e enfermeiros –, para o PSD, é uma regalia”, defendeu Ana Catarina Mendes.

Assim, torna-se percetível que “a sensibilidade social neste Orçamento afasta, naturalmente, a direita parlamentar das soluções propostas”, asseverou a presidente do Grupo Parlamentar do Partido Socialista.

O Orçamento do Estado para 2021 foi hoje aprovado, na generalidade, com os votos favoráveis do PS, com a abstenção do PCP, do PEV, do PAN e das duas deputadas não-inscritas, e com os votos contra do Bloco de Esquerda, do PSD, do CDS, da Iniciativa Liberal e do Chega.