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Errar, tornar a errar, errar outra vez

Errar, tornar a errar, errar outra vez

Se há constante na política da direita em Portugal é a sua continuada tendência para errar.

Opinião de:

Errar, tornar a errar, errar outra vez

A maioria PSD/CDS errou quando assumiu como sua a estratégia da austeridade expansionista que teve em Passos Coelho um dos mais fieis seguidores.

Desde 2011 que a direita portuguesa não se afastou um milímetro do pensamento único da tentação austeritária que, desgraçadamente, dominou durante anos a política europeia.

Mesmo quando os resultados da estratégia se defrontaram com a dura realidade do seu falhanço, nada demoveu o governo português de estar sempre colado aos crescentemente minoritários partidários da “austeridade redentora”.

Este foi um erro de consequências trágicas para Portugal e para a maioria dos portugueses: recessão mais profunda, desemprego mais duro, emigração histórica, pobreza a crescer assustadoramente.

Mas a direita nacional não se limitou a seguir a orientação dos autores da teoria da punição austeritária.

Pela voz de Passos Coelho o governo português deixou clara a sua opção: ir além da troika, surpreender todo o mundo sendo mais duro na política da austeridade do que era exigido pela ortodoxia europeia.

Esse foi o segundo erro da direita.

Um erro que não se ficou pelas palavras irresponsáveis: concretizou-se em ainda mais irresponsáveis políticas de cortes da despesa e aumento dos impostos. Só em 2012 o Governo português dobrou a austeridade negociada no memorando de 2011.

O resultado é hoje conhecido. Se compararmos os compromissos assumidos por Passos e Portas no orçamento de 2015 com o programa apresentado em agosto de 2011 o resultado é impressionante: menos PIB, menos emprego, menos exportações mais défice e mais divida.

E se os resultados não são mais dramáticos isso apenas se deve à ação daqueles que o Governo sempre contestou: seja a vigilância constitucional seja a evolução da política monetária do BCE, ainda que tardia e insuficiente.

E hoje, quando a mudança na Grécia obrigou a aprofundar o debate sobre as alternativas à austeridade, a direita portuguesa no governo volta a colocar-se do lado errado da história, do lado dos que desistem da Europa como espaço e tempo de pluralismo e diversidade, de solidariedade e de cidadania.

É certo que mais do que erros são escolhas. Escolhas que os portugueses irão decerto rejeitar. Mais pobres e mais frágeis mas conhecendo o significado da palavra dignidade.