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António Costa quer Portugal a integrar indústria de produção de comboios

António Costa quer Portugal a integrar indústria de produção de comboios

O país tem todas as condições e capacidade para dentro de alguns anos “entrar para o clube dos produtores de comboios”, tal como já hoje integra o “clube dos produtores de automóveis”, defendeu António Costa, em Matosinhos.

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António Costa quer Portugal a integrar indústria de produção de comboios

O primeiro-ministro foi ontem a Matosinhos, no distrito do Porto, presidir à reabertura da oficina de comboios da CP, encerrada em 2012 pelo Governo PSD/CDS, onde defendeu que Portugal tem “todas as condições” para dentro de alguns anos poder também integrar o que designou como o “clube dos produtores de comboios”, sustentando que avançar com este “sonho” passa inevitavelmente, como aludiu, por “não voltar a cometer erros que no passado foram cometidos”.

Assumir que Portugal pode dentro de duas ou três décadas dispor de uma indústria competitiva na produção de comboios, tal como há alguns anos que vem dando sobejas provas de competência na indústria automóvel, é para António Costa um “sonho que todos temos de ter e de ser capazes de transformar em realidade”, assinalando que os sonhos muitas vezes começam com passos que parecem pequenos, mas que “são o início de uma grande caminhada”.

Lembrando que a modernização da ferrovia se mantém desde a legislatura anterior como uma das prioridades do Governo, quer em termos das infraestruturas, quer do material circulante, e que por isso, como referiu, “temos vindo a investir no setor”, António Costa defendeu que uma “ambição” difícil mas possível de concretizar, “também na perspetiva da consolidação do crescimento da economia nacional” e de “combate às alterações climáticas”, considerando mesmo que deve ser encarada como uma “grande aposta estratégica para o país”.

Investimento no setor da ferrovia que, ao longo da última legislatura, se traduziu não só pela compra de material circulante novo, como pela recuperação de outro que se encontrava parado, nomeadamente nas oficinas da CP de Matosinhos, em Guifões, tendo a este propósito o primeiro-ministro dado as boas-vindas à recuperação de duas carruagens que estavam há anos encostadas e sem qualquer utilização, uma operação que teve um custo de cerca de 80 mil euros cada, revelando que caso fossem novas o custo de cada uma das carruagens teria disparado para cerca de 600 a 700 mil euros.

Sobre a operação que o Governo está a levar a efeito desde a legislatura anterior, no sentido de recuperar muitas das carruagens que se encontram paradas nas diversas oficinas da CP, o primeiro-ministro considerou a decisão acertada, lembrando que seria “absolutamente imperdoável” que o país investisse milhões de euros na importação de material circulante novo e deixasse ao abandono material que já “comprou e amortizou” e que tem “todas as condições de poder ser recuperado e de voltar a circular”.

Investir na mobilidade coletiva

Presente nesta iniciativa, o ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, fez questão de referir que Portugal “não se pode dar ao luxo” de desperdiçar os recursos e o material circulante que tem encostado, sustentando que o Governo, apesar de estar empenhado na sua recuperação, “não desiste” de adquirir novas composições, pelo que já encomendou 22 novos comboios, que deverão entrar ao serviço da CP em 2023, sendo que outras compras, como garantiu, se seguirão.

Para Pedro Nuno Santos, o comboio em caso algum deve ser encarado como um transporte do passado, “mas sim de futuro”, garantindo que o Governo não deixará de se empenhar na contratação e aquisição de mais comboios novos “para acompanhar o aumento da procura”, como não deixará igualmente de continuar a aumentar o investimento que “já começámos a fazer ao nível da infraestrutura ferroviária”, contribuindo para melhorar a “mobilidade coletiva”, porque não há nenhum meio de transporte, segundo o ministro das Infraestruturas, que “bata a ferrovia e o comboio pesado”.

A decisão do Governo de reativar as oficinas de Guifões foi anunciada no passado verão, como fazendo parte integrante de um plano para recuperar comboios que estão encostados, mas que é possível serem recuperados e postos ao serviço da CP, lembrando o ministro Pedro Nuno Santos que o comboio em comparação com os restantes meios de transporte terrestre oferece a possibilidade de levar mais passageiros e de ser mais económico, não havendo nenhum outro que traga tantos benefícios ambientais e contributos para a “transição energética”.