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Alargar o euro é passo necessário para consolidar o projeto político europeu

Alargar o euro é passo necessário para consolidar o projeto político europeu

O alargamento do euro a todos os países da União Europeia, sendo um processo que está em curso ainda de “forma lenta e demorada”, exige, por isso, um grau elevado de “paciência”, pois trata-se de um processo de “grande alcance democrático” para a Europa. A tese foi defendida este domingo pelo ministro Mário Centeno, numa conferência em Lisboa.

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Segundo o ministro das Finanças e presidente do Eurogrupo, que falava no encerramento da primeira edição das Conferências Ulisses 2018, comissariadas pelo historiador Rui Tavares, que tiveram lugar este fim de semana no Centro Cultural de Belém (CCB), em Lisboa, a expansão da moeda única “está em curso”, mas exige a todos “paciência” pois, embora esteja a ser “demorado”, trata-se de um processo “democrático” feito a partir de Estados soberanos e de “grande alcance” para completar o “projeto político europeu”.
Partindo da pergunta “Democracia Europeia: uma ideia cujo tempo chegou?”, esta conferência, que contou ainda com a participação do professor e investigador alemão, Jan-Werner Muller, do ex-presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, e do historiador Rui Tavares, serviu, também, para o ministro Mário Centeno reafirmar que “não havendo receitas fáceis” para a construção do projeto europeu da moeda única, “uma bicicleta parada não funciona”.
Neste sentido, como aludiu, não é com manifestações de “impaciência”, que são “passos curtos para o populismo”, que se avançará com a consolidação e a expansão do euro, uma moeda que pode “fazer muito pela democracia”.
Para Mário Centeno, apesar dos passos que ainda falta dar, o euro é a “prova tangível” do que é verdadeiramente a integração europeia, referindo, a este propósito, a recente sondagem do Eurobarómetro, segundo a qual mais de 70% dos europeus manifestam o seu apoio à moeda única, acreditando o ministro das Finanças e presidente do Eurogrupo que este é “um momento muito interessante” que deve ser utilizado para “melhorar e não para divisões apocalípticas”, considerando o “desalinhamento” entre ciclos políticos como o principal obstáculo à tomada de decisões europeias.
Afirmando não ter dúvidas de que a Europa está hoje “muito mais forte do que há cinco anos”, Mário Centeno lembrou, contudo, que falta dar ainda alguns passos importantes, como “completar a união bancária”, para tornar os bancos “mais resistentes”, e a “união do mercado de capitais”, de forma a assegurar “fontes mais alargadas de financiamento para as empresas”.

Uma moeda que é mais do que isso
Sobre esta matéria, também o ex-eurodeputado Rui Tavares se pronunciou, tendo defendido que o euro “não pode ser apenas e só uma moeda”, propondo, por isso, a criação de uma “Carta Democrática”, que em sua opinião deverá ser assinada pelos países da União Europeia que vierem a “aderir ao euro”, uma iniciativa que o historiador perspetiva que possa evitar que o Eurogrupo, seja apenas “um clube económico”, mas, sobretudo, “um clube reforçado de valores democráticos”, referindo que a “crise do euro” representa “uma oportunidade”.
Já para o ex-presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, é preciso, em primeiro lugar, “discutir ideias e conteúdos”, porque “ninguém ama instituições”, defendendo que não é tanto pelo facto de os europeus “amarem ou não o euro” que se poderá aferir o grau de unidade dos europeus em volta do projeto político da União Europeia, sendo que em sua opinião a chave está em “voltar a mobilizar as pessoas em torno da ideia de Europa”, ideia que segundo o político alemão envolve “democracia e respeito mútuo pelos direitos e liberdades individuais, sem discriminações”.