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A verdade é a arma da democracia

A verdade é a arma da democracia

Todos conhecemos a ideia, muitas vezes partilhada, de que em democracia o voto é a arma do povo. É uma ideia potente e fundamental.

Opinião de:

A verdade é a arma da democracia

Sendo a livre escolha a essência da democracia, não é legítimo separar, em abstrato, votos bons e votos maus. O único voto perdido é o que não se usa, qualquer que seja o argumento dado para abstenção voluntária, que na sua essência é um tiro no pé da democracia (havendo para quem não quer optar pelas soluções propostas a alternativa do voto branco e mesmo do voto nulo).

Em França, na segunda volta das recentes eleições presidenciais, 11 milhões de franceses votaram numa candidata com um programa de medo e intolerância. O maior erro que podemos cometer é “enterrar a cabeça na areia” e menosprezar esse voto. 

Temos que o compreender e criar condições para que no futuro menos gente seja atraída por propostas políticas que se alimentam do desespero, do medo e da incerteza.

Destaco contudo algo diferente nas eleições francesas. Ainda que a proposta política do Presidente eleito ainda esteja em construção, é muito significativo que ele tenha vencido falando verdade aos franceses, assumindo a sua visão sobre a Europa e sobre o mundo, pedindo uma escolha baseada naquilo que ele é, e não naquilo que supostamente os eleitores gostariam que ele fosse.     

A frontalidade de objetivos e propósitos e a forma direta de comunicação tem sido também uma grande mais-valia da governação do PS em Portugal. Essa atitude tem-lhe valido o respeito da maioria dos portugueses, mas também um enorme reconhecimento e respeito internacional.

As próximas semanas vão definir melhor que adjetivos poderemos somar ao europeísmo e ao cosmopolitismo de Macron. O resultado final dependerá em parte da vontade do novo Presidente Francês e da sua “entourage” direta e em parte também daquilo que for a abertura e d determinação da esquerda moderada francesa para assumir um projeto de poder e não um projeto de protesto. 

Sejam quais forem as escolhas finais, uma ideia deve estar sempre presente. Os povos estão fartos de dissimulação. Querem a verdade. A verdade é o caminho da “revolução” que a Europa precisa e o mundo anseia. Assim o disseram 20 milhões de franceses.