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A realidade desmente o primeiro-ministro

A realidade desmente o primeiro-ministro

António Costa não gostou de ouvir o primeiro-ministro negar na Assembleia da República, no debate quinzenal, que os rendimentos mais baixos não tinham sido afetados, que os portugueses mais pobres não tinham sofrido cortes nas suas prestações sociais, ou que a classe média não tinha sido asfixiada nos salários e pensões, no aumento dos impostos, nas taxas moderadoras ou nas portagens. A realidade, sublinha, desmente o primeiro-ministro.

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A realidade desmente o primeiro-ministro

Falando na Convenção Regional do PS do Algarve, em Portimão, o Secretário-geral do PS considerou “absolutamente extraordinário” que, quatro anos depois de ter falhado todas as promessas que fez na campanha eleitoral, o primeiro-ministro tenha a “desfaçatez” de ir ao parlamento fazer afirmações “desmentidas pela realidade concreta” do que fez e praticou ao longo dos últimos quatro anos.

António Costa acusou o primeiro-ministro de continuar a negar a realidade do país e de “não ter consciência” das enormes dificuldades causadas às pessoas com rendimentos mais baixos que “sofreram e sofrem com os cortes nas prestações sociais”.

Ao contrário do que foi dizer no Parlamento, disse António Costa, o Governo “atingiu duramente”, nos últimos quatro anos, sobretudo os portugueses com mais baixos rendimentos os quais, garantiu, não escaparam “à fúria” austeritária, realçando que não é invertendo a realidade “que o primeiro-ministro transmite aos portugueses confiança e credibilidade”.

Como exemplo, o líder socialista aludiu aos cortes que este Governo fez de forma implacável, quer no Complemento Solidário para Idosos (CSI), quer no Rendimento Social de Inserção (RSI).

No CSI, uma medida da iniciativa do ex-ministro socialista Vieira da Silva, e uma das mais importantes no combate à pobreza, que “é a pobreza dos idosos”, o Governo não hesitou em fazer cortes indistintos, atingindo de forma brutal os rendimentos de mais de 70 mil idosos carenciados.

Também no RSI, nestes quatro anos de Governo do PSD-CDS, houve uma profunda alteração dos critérios de atribuição, com mais de 170 mil pessoas a perderam ou a terem o acesso bastante restringido a esta ajuda.

Negar, como fez o primeiro-ministro no Parlamento, que o Governo não cortou nos rendimentos dos mais pobres, não aumentou o IVA, não reduziu os salários dos funcionários públicos, que o Orçamento de Estado para 2015 não prevê um novo corte de 100 milhões de euros em prestações sociais, por exemplo, é para António Costa o mesmo que estar a afirmar que os portugueses “não conhecem os números, que não sentem na pele estas políticas ou que viveram fora de Portugal nestes últimos quatro anos”.

Emigração aumentou e muito

Já em Évora, na Convenção socialista do distrito, e referindo-se à afirmação do primeiro-ministro de que “Portugal viu aumentar menos a emigração”, quando comparado com países como a Irlanda ou a Espanha, António Costa recordou que os números desmentem a afirmação de Passos Coelho, e que só entre 2010 e 2013, a emigração em Portugal aumentou 126% “muitíssimo mais” do que aconteceu naqueles dois países, “também afetados pela austeridade”.

Para o Secretário-geral do PS, o “mais grave” é que o primeiro-ministro, também em relação aos dados da emigração, preferiu recorrer à falsidade e não encarar a realidade, porque “infelizmente a emigração em Portugal subiu mais do que no país vizinho ou na Irlanda”.

Socorrendo-se dos dados da União Europeia, António Costa lembrou que eles evidenciam que o aumento da emigração na Irlanda se situou, entre 2010 e 2013 nos 7%, enquanto em Espanha, no mesmo período, atingiu os 32%, “muito abaixo dos 126% registados em Portugal”.

Num artigo de opinião no “Diário Económico”, o deputado socialista João Galamba, a propósito da prestação de Passos Coelho no Parlamento no último debate quinzenal desta legislatura, depois de o acusar de ter “a mentira como método”, afirma que agora o primeiro-ministro optou por uma renovada estratégia e “meteu prego a fundo” na farsa dos mitos urbanos decidindo oferecer aos portugueses um “festival de mentiras como nunca se tinha visto antes”.

Para João Galamba, com a recente prestação de Passos Coelho fica claro o que o primeiro-ministro pretende fazer até às eleições: “mentir, mentir repetidamente e sem qualquer tipo de pudor”.