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A pré-campanha está na estrada

A pré-campanha está na estrada

Embora ainda não se conheçam exatamente os termos em que irão realizar-se os debates eleitorais, é já possível antecipar que os partidos da atual coligação vão usar todos os meios para impedirem uma discussão séria e aprofundada sobre o futuro do país, preferindo centrar os ataques nos governos socialistas, como se os últimos quatro anos não tivessem existido. A candidatura de António Costa terá certamente alguém atento a todas as declarações de Passos e Portas feitas nestes últimos dias e às que ambos irão fazer daqui para a frente, para que não fiquem sem resposta.

Opinião de:

A pré-campanha está na estrada

Não basta que o PS tenha porta-vozes que pontualmente vão respondendo às mentiras e manipulações lançadas por Passos e Portas, é preciso estar preparado para no momento oportuno poder denunciá-las como exemplo de um estilo de fazer política baseado na mistificação da realidade e na ocultação dos factos, próprio de quem nada tem de substantivo para propor aos portugueses. 

Não pode haver contemplações com quem não tem escrúpulos em torpedear os factos para ganhar votos. O que a coligação tem dito sobre a pobreza, o desemprego, a devolução da sobretaxa do IRS, entre outras aleivosias, tem de ser combatido com factos e números.

É um facto que Passos domina razoavelmente as técnicas de manipulação através da voz, da entoação, da postura, do olhar, enquanto Portas domina os soundbites. São dois atores que se completam na arte de enganar, contra os quais António Costa precisa de estar prevenido para os desmistificar, desde logo, nos debates que aí vêm.

É útil que António Costa reveja os debates em que participou, embora noutros contextos, e que veja também os dos adversários com quem vai confrontar-se. Essa é uma velha mas excelente maneira de se preparar para a prova difícil que são sempre os debates televisivos. É também a melhor forma de corrigir a dicção, a postura, a economia dos argumentos. Costa já mostrou estar bem preparado para a discussão substantiva dos temas da governação e das propostas do programa eleitoral do PS. Mas é preciso transformar ideias profundas em mensagens acessíveis aos públicos não especializados que veem televisão. Ser direto, assertivo, firme, duro se for necessário. 

Vale a pena deixar para trás uma “arruada” se o tempo escassear para a preparação de um debate televisivo. É que um debate não vale apenas por si, mas também pelas “ondas” que projeta em todos os média através das vozes de comentadores, jornalistas e internautas nas redes sociais. Não esquecer que é preciso alimentar permanentemente três canais dedicados exclusivamente à informação, situação inédita na Europa, e que o comentário político e os debates dos debates se constituem como o “prato-forte” desses canais.

São tempos desafiantes em que todos os gestos e todas as palavras têm um sentido.