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A PORTA DE ENTRADA NA EUROPA

A PORTA DE ENTRADA NA EUROPA

Como em tudo na vida, há várias perspetivas, vários olhares que se podem lançar sobre aquilo a que chamamos “o interior do país”.

Opinião de:

A PORTA DE ENTRADA NA EUROPA

Não sei bem qual a perspetiva que em Espanha, aqui mesmo ao lado, têm sobre esta matéria. Mas basta olhar para o mapa para perceber que há pelo menos uma cidade de interior que não obedece aos critérios que normalmente atribuímos aos territórios do interior. De facto, Madrid, uma das mais importantes cidades europeias, não podia ter uma localização mais de interior no território espanhol.

Há, portanto, desde logo, um preconceito sobre o interior que importa desconstruir. 

E tanto mais que, no mundo globalizado em que vivemos, importa cada vez mais a qualidade da fibra ótica que se encontra disponível do que a proximidade geográfica aos grandes centros urbanos. Por essa razão se explica que, no nosso país, em cidades que chamamos de interior estejam a nascer clusters especializados que são já um importante vetor de desenvolvimento económico não apenas das regiões em que se inserem, mas de todo o país. Falo por exemplo do Campus de Tecnologia e Inovação de Oliveira do Hospital ou do Parque Tecnológico do Vale do Tejo, em Abrantes.

Há que desmistificar a ideia de que, como já disse por diversas vezes o nosso Secretário-geral, “o interior são as traseiras do país”. Mas antes a porta de entrada na Europa.

Todos os territórios têm um potencial de desenvolvimento. 

Todos os territórios têm algo que os especializa face aos outros. E é precisamente esse caminho que importa valorizar e prosseguir – o da especialização inteligente. Porque o conhecimento é a base do desenvolvimento e porque apenas a partir dele se conseguirá, de facto, criar condições estruturais que promovam a fixação de quadros jovens, e com ela a alteração das tendências demográficas de envelhecimento populacional, que se acentuam no interior do país, a criação de valor acrescentado nos territórios que seja verdadeiro motor de desenvolvimento económico e, em termos globais, territórios mais justos e coesos.

O papel das autarquias na construção e implementação de estratégias de desenvolvimento inteligente dos seus territórios assume uma importância vital. Pela proximidade aos agentes locais e regionais, aos stakeholders sejam eles do mundo científico ou empresarial, local, regional e nacional, pelo conhecimento privilegiado que detêm dos territórios o seu papel de alavancagem das parcerias necessárias para a implementação destas estratégias assume-se como um fator preponderante e determinante do seu sucesso. E esse papel será tanto mais decisivo e tanto mais eficaz quanto os municípios forem dotados das ferramentas necessárias para a sua operacionalização. A transferência de competências para os municípios é um elo determinante nesta cadeia de valor que, estamos certos, determinará o futuro do país que queremos construir.