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“A ignorância é muito mais cara …”

“A ignorância é muito mais cara …”

E foi Benjamin Franklin quem nos deixou esta mensagem: <em>The only thing that is more expensive than education is ignorance</em>. Confesso que sempre que leio esta simples frase fico comovido e ao mesmo tempo furioso. Tanta sabedoria, tão clara e tão desprezada.

Opinião de:

“A ignorância é muito mais cara …”

Não queria falar mais do novo presidente americano, mas numa altura em que o impensável se está a tornar realidade, achei útil voltar a um dos sete fundadores (the Founding Fathers) da democracia americana.

O populismo encontra na ignorância o seu terreno mais fértil. Foi, e continuará a ser assim em todo o mundo. É sempre muito mais fácil culpabilizar os outros, frequentemente as minorias, dos males que assolam a nossa sociedade. Infelizmente estes movimentos vêm sempre acompanhados de um nacionalismo primário, tacanho e intolerante, onde florescem quase todas as discriminações.

Mas talvez ainda mais relevante seja outra das mensagens que o mesmo Franklin nos deixou: They who can give up essential liberty to obtain a little temporary safety deserve neither liberty nor safety.

Muito influenciado pelo pensamento de John Locke no fim do Séc XVII, assim como de David Hume e Thomas Paine no Séc XVIII, é a Franklin que devemos muito do que hoje assumimos como garantido nas nossas democracias.

E quando percebemos que a nova administração americana quer silenciar os cientistas do clima e do ambiente e abolir direitos humanos fundamentais, não podemos deixar de pensar em situações de má memória nas assustadoras ditaduras que assolaram o século passado, e que perduram ainda em tantos países.

Não foi há tanto tempo que o Bush júnior tentou fazer o mesmo com os cientistas americanos que alertavam para o perigo eminente das alterações climáticas. E, já agora, numa dimensão mais local, todos nos lembramos do que Rui Rio quis impor às instituições culturais que seriam apoiadas pela autarquia. Silenciar os que pensam de forma diferente é uma característica dos seres autoritários.

Sabemos que temos de continuar a lutar pelos direitos humanos dos refugiados, das mulheres, dos trabalhadores, das minorias étnicas e de género, dos jornalistas, dos cientistas e dos filósofos. Do que infelizmente nos esquecemos é que por vezes, ao darmos um passo em frente, temos a sensação de que se seguem dois passos para trás. Mandela e Obama deram-nos muitas esperanças. Lembrar Mário Soares neste contexto também faz todo o sentido. Penso que em Portugal estamos no bom caminho. Não será nem fácil nem rápido, mas se todos trabalharmos juntos, estou certo que a democracia só poderá melhorar.

Mais uma razão para voltarmos a aprofundar o conhecimento e a divulgar o pensamento dos fundadores da democracia.