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A Europa e o euro são inegociáveis

A Europa e o euro são inegociáveis

“Há uma radical diferença entre a dupla Bloco/PCP que tem a ver com a Europa. Para nós, a Europa e o euro são inegociáveis”. Este foi um dos temas que António Costa abordou na entrevista que deu ontem à revista “Visão”.

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A Europa e o euro são inegociáveis

Colocando-se dentro da Europa e refutando qualquer cenário que distancie Portugal da União Europeia e da moeda única, António Costa defendeu que no atual momento por que passa a Europa, Portugal devia ter um membro do Governo “exclusivamente dedicado” aos assuntos europeus com estatuto “superior a secretário de Estado”. O líder socialista sustenta que para haver alterações “sérias e estruturais” às atuais regras europeias é necessário encontrar novos mecanismos e uma nova postura capazes de enfrentar os obstáculos que hoje se colocam, sobretudo aos países da zona euro, desde a Finlândia à Grécia, defendendo a necessidade de se criar “um novo impulso para a convergência”.

Na perspetiva do Secretário-geral socialista, para poder haver convergência “vão ser precisos aliados”, recusando partir para negociações com os parceiros europeus “à aventura” para não se cair no erro de “tomar por certo o que depende de uma negociação”.

Nesta entrevista, António Costa defende que a renegociação da dívida não é tema que esteja de momento em cima da mesa, lembrando que quem na Europa defendeu a renegociação da dívida, de forma unilateral, “não se tem dado muito bem”.

Este é, para o líder do PS, um dos temas que importa que seja “colocado com inteligência”, porque a crise profunda em que o euro está mergulhado “só se ultrapassa com a diminuição das assimetrias”.

Garante que um Governo do PS cumprirá com todas as exigências e compromissos internacionais com Bruxelas, nomeadamente em relação às metas do défice e da dívida. Mas não põe de lado aliar-se a outros líderes europeus para que se encontrem soluções alternativas e capazes de alterar algumas das regras europeias.

Para António Costa, é preferível a aproximação à Europa pela via da convergência, porque é aqui, defende, que “podemos tratar a causa da doença e não dos sintomas”, sendo esta uma forma de “alcançar o mesmo objetivo por uma via diferente”.

Reforçar a dinâmica de mudança no projeto europeu

No périplo que realizou este ano pela Europa, para contactos com os líderes europeus, com o objetivo de encontrar consensos e uma maior articulação de posições, António Costa defendeu em Paris, num encontro com o Presidente francês François Hollande, no passado mês de março, que a Europa tem absoluta necessidade de reforçar no Conselho Europeu a presença de governos que “apoiem uma dinâmica de mudança contra a austeridade”, permitindo a retoma de políticas de crescimento, de criação de emprego e de redução da pobreza.

A mesma mensagem e o mesmo objetivo de construir na Europa alianças, que permitam elaborar programas e políticas exequíveis, foram levados por António Costa ao primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, defendendo na altura “uma mais sólida articulação de posições” entre os vários governos da União Europeia.

No fundo, o que António Costa tem vindo a defender desde que assumiu a liderança do PS é que seja garantida a integridade da zona euro, o financiamento das economias e uma política económica que permita o crescimento e a criação de emprego.

Recorde-se que António Costa e o líder do PSOE, Pedro Sanchéz, assinaram no passado mês de junho, em Lisboa, dois importantes documentos sobre reformas económicas e sociais, que visam aprofundar a integração e a cooperação ibérica. Um dos documentos então assinados pelos dois líderes socialistas, intitulado “Um novo impulso para a convergência de Portugal e Espanha”, foi apresentado no Congresso do Partido Socialista Europeu, em Budapeste, e aprovado pela família dos socialistas europeus. O texto comum estabelece, no quadro europeu, as condições técnicas e financeiras para a adoção de um programa de reformas estruturais para a competitividade, assente em investimentos estruturantes para a convergência.

Como na altura defendeu o Secretário-geral do PS, este encontro de objetivos entre os dois partidos socialistas ibéricos mais não pretende do que demonstrar e alertar a Europa que é possível haver convergência de vontades, traduzidas em reformas políticas que “priorizam e reforçam” a União Europeia.

A assinatura destes acordos, como referiu, para além de ambicionarem o reforço da união entre os dois países ibéricos, são um alerta e um estímulo, para que a “Europa se bata e aprofunde o projeto europeu e a moeda única”, alertando Bruxelas para que tenha sempre presente que uma das matrizes fundadoras da União Europeia “é a solidariedade entre Estados e povos”.