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A ciência pode e dever ser uma soma positiva entre países

A ciência pode e dever ser uma soma positiva entre países

A cooperação científica tem de ser um fator de “promoção nas relações entre os países”, onde o respeito mútuo permanece como a “avenida principal” para o desenvolvimento da relação entre Estados, defendeu o ministro dos Negócios Estrangeiros ontem, na abertura do Encontro Ciência 2018, iniciativa que encerra hoje em Lisboa.

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Para Augusto Santos Silva a cooperação entre os Estado, sobretudo quando o que está em causa são questões relacionadas com a ciência, “pode e deve ser” um fator de promoção das relações baseadas no respeito mútuo, e num jogo em que ambas as partes saem vencedoras.

Um dos exemplos que o titular da pasta dos Negócios Estrangeiros adiantou para ilustrar a sua tese, tem a ver com o Air Center, uma iniciativa que está a ser desenvolvida na Ilha Terceira, nos Açores, lembrando Augusto Santos Silva trata-se de um projeto que está a ser construído como “rede de interações de organizações científicas e tecnológicas em torno dos cruzamentos de informação das problemáticas dos oceanos, do clima, da energia e dos satélites”.

Se há áreas onde é hoje mais “promissora a concertação e a cooperação” entre os diversos países, sustentou Santos Silva, o espaço da ciência surge como um dos campos eleitos, sustentando que a ciência é um “auxiliar precioso e necessário” ao progresso da comunidade internacional, quer no que respeita ao “acautelar de bens que nos são comuns, quer na solução coletiva para os problemas que são coletivos”.

Segundo o chefe da diplomacia portuguesa, apesar de haver por parte de alguns países uma certa “incapacidade para compreender o óbvio”, numa alusão clara aos Estados Unidos da América, liderada por Donald Trump, não deixa, por isso, de ser necessário, como defendeu, que o tema das alterações climáticas continue em cima da mesa, sendo absolutamente necessário, como referiu, “mobilizar todos os recursos científicos”.

Se todos olharmos para a agenda do clima, alertou ainda o ministro Augusto Santos Silva, seja na perspetiva da União Europeia, da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), seja no prisma das Nações Unidas, o que “vemos e constatamos” é que quanto “mais ciência incorporarmos, melhor conseguiremos encarar esse problema das alterações climáticas”, não só na sua identificação, “como na construção de respostas possíveis para a sua mitigação, remediação ou mesmo para a sua solução”.

Para se enfrentar este problema das alterações climáticas, segundo o ministro português dos Negócios Estrangeiros, é preciso, antes de mais, reconhecer que o problema existe e, posteriormente, avançar para o maior “conhecimento científico” possível sobre o fenómeno, de forma a que se possa perceber que situações como as “migrações desreguladas”, que hoje estão na ordem do dia, sobretudo em direção à Europa, mas também para países como os EUA, também estão relacionadas com a necessidade “premente e básica” das populações de fugirem dos seus países como resultado das “consequências extremas das alterações climáticas”.

Preconceito anti-imigração

Falando à margem do Encontro Ciência 2018, o ministro Augusto Santos Silva garantiu que em Portugal não se deteta qualquer crescimento do “preconceito anti-imigração” fenómeno, como garantiu, que “nunca teve uma expressão significativa no país e não creio que venha a ter” identificando, pelo contrário, que os portugueses reconhecem os “benefícios das imigrações” e que o país tem um “padrão de comportamento do sistema partidário muito estável e bastante bom no que diz respeito à questão dos migrantes”.