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25 DE NOVEMBRO

25 DE NOVEMBRO

O 25 de novembro faz 41 anos. A seguir ao 25 de Abril, foi a data mais marcante do Portugal democrático, nascido com a Revolução dos Cravos.

Opinião de:

25 DE NOVEMBRO

Para o PCP,  o 25 de novembro foi a contra-revolução. De acordo com Mário Soares, aconteceu para que Portugal não fosse uma Cuba do ocidente. A componente civil foi o líder histórico do PS, a militar o general Ramalho Eanes.  Falando ainda da componente militar, a acção dos comandos seria também determinante. Para mim, o 25 de novembro de 1975 foi, acima de tudo, a reposição, uma palavra agora muito em voga, da pureza dos ideais de Abril e o grande obreiro o Dr. Soares, com o seu memorável comício na Fonte Luminosa. Ele até costumava dizer em tom irónico: andam todos debaixo do chapéu-de-chuva do PS! A normalidade democrática voltaria ao país, mas só alcançada em pleno com a revisão constitucional de 1982, que acabou de vez com o poder militar. Soares, também aqui, decisivo. Foi, sem dúvida, o gigante do Portugal moderno.  

A homenagem que lhe fizeram, por ocasião dos 40 anos do primeiro Governo constitucional, a que presidiu, foi justíssima. À beira de fazer 92 anos – é aniversariante a 7 de dezembro -, Soares surge aos olhos dos portugueses como o founding-father do regime de Abril, se bem que me tenha dito, em entrevista, com a sua habitual simplicidade, que pai só dos seus filhos. Soube ser sempre fiel – não só no 25 de novembro, como também e, sobretudo, no combate à ditadura de Salazar e Caetano – aos valores que defende, nos quais se destacam a liberdade, a democracia e a tolerância. Mas o 25 de novembro teve, além de Soares e Eanes, outro protagonista fundamental, embora depois – o então major Melo Antunes. Não me reporto ao Documento dos Nove, mas ao seu papel conciliador, evitando a caça às bruxas, quando afirmou, ja concluídas as operações, que o PCP, o grande vencido, era fundamental para o nosso pais.

As palavras de Melo Antunes não poderiam ter sido mais certeiras.  A sua visão foi premonitória. Se alguém, porventura, tivesse ainda dúvidas sobre o papel fundamental do Partido Comunista no processo democrático português, elas ficariam desfeitas com o empenhamento e participação dos comunistas na atual solução politica do país – o acordo entre o PS, o BE, o PCP e o PEV. Não creio, porém, que fosse necessário o PCP fazer parte da maioria parlamentar, como agora faz, para aferir o seu papel essencial na nossa democracia. O passado do Partido Comunista e a sua luta em defesa da democracia e dos trabalhadores falam por si. E se, no 25 de novembro de 1975, o PCP foi um problema, 41 anos depois é uma solução. Longe vai o tempo em que a democracia parlamentar era um mal menor para o Partido Comunista. O perfume do poder é bem diferente, para melhor, claro, do 25 de novembro.